O Manchester United sempre foi um dos gigantes do futebol mundial. Durante décadas, o clube acostumou seus torcedores a disputas de títulos, finais europeias e campanhas de respeito na Premier League. Mas essa aura de grandeza parece cada vez mais distante. Nos últimos anos, a realidade do United é marcada por crises internas, resultados decepcionantes e um vestiário em constante turbulência.
Na temporada 25/26, os Red Devils vivem mais um capítulo dessa novela. O técnico Rubem Amorim, contratado para ser a solução, já se encontra pressionado depois de uma eliminação humilhante para o Grimsby Town, da quarta divisão inglesa, na EFL Cup. Além disso, o início já é irregular na Premier League — apenas quatro pontos em três jogos, com uma vitória, um empate e uma derrota — e a sensação é de que o caos continua rondando Old Trafford.
Mas será que as contratações do Manchester United nesta janela podem ser o primeiro passo para reverter esse cenário?
O peso da decadência recente
Para entender o momento atual, é preciso olhar para as últimas temporadas. Em 23/24, o United terminou apenas na oitava posição da Premier League, com 60 pontos, longe da briga pelo título. No ano seguinte, 24/25, viveu talvez a pior campanha da sua história: apenas 42 pontos, com 11 vitórias, 9 empates e 18 derrotas, terminando em 15º lugar.
Esse declínio não se explica apenas pelo nível dos jogadores. O clube sofre há anos com gestão questionável de elenco, mudanças constantes de treinadores e uma incapacidade de formar um projeto esportivo sólido. O que se vê é um time que até monta elencos competitivos, mas que nunca encaixa de verdade.
Além disso, o vestiário virou palco de disputas constantes. Jogadores como Rashford, Sancho, Antony E Garnacho já tiveram atritos com diferentes treinadores. Com Rubem Amorim, não foi diferente: vários acabaram escanteados, mostrando que a instabilidade interna continua sendo um dos maiores problemas do clube.
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A política de mercado: gastar muito, planejar pouco
As contratações do Manchester United sempre chamam atenção pelo valor investido. O problema é que, na maioria das vezes, o clube paga acima do mercado e não consegue transformar esse investimento em conquistas. É um padrão que se repete temporada após temporada.
Em 25/26, não foi diferente. Os nomes que chegaram são interessantes e, individualmente, podem elevar o nível do time. Mas o questionamento é inevitável: o United fez negócios inteligentes ou apenas repetiu o hábito de gastar mais do que deveria?
Benjamin Šeško
O centroavante esloveno, de apenas 22 anos, chegou do RB Leipzig por €76,5M, enquanto seu valor de mercado girava em torno de €70M. A diferença não é absurda, considerando que o United disputou com outros clubes e que atacantes jovens e promissores costumam ser caros. Šeško tem físico, força e qualidade técnica para se adaptar à Premier League. É uma aposta muito interessante, mas ainda assim uma aposta: ele terá de mostrar se consegue sustentar seu nível na liga. Se conseguir, excelente.
Bryan Mbeumo
Um dos grandes destaques do Brentford, custou €75M, mesmo valendo €55M no mercado. O camaronês chega para ser uma peça ofensiva imediata, já acostumado ao ritmo da Premier League. Foi decisivo nas últimas temporadas, marcando gols e participando de muitas jogadas de ataque. O valor pago é exagerado, mas ao menos é um jogador pronto para entregar desde já e que possui boa qualidade.
Matheus Cunha
O brasileiro vinha em alta no Wolverhampton e desembarca em Old Trafford por €74,2M, quando seu valor de mercado era de €60M. Cunha já mostrou qualidade em diversas posições, capaz de articular jogadas, driblar e também de finalizar. Pela experiência na Premier League e pelo momento técnico, pode se tornar um dos líderes do setor ofensivo do United. Não à toa, Cunha chega para vestir a 10. Ainda assim, novamente, o clube pagou bem acima do necessário.
Senne Lammens
O goleiro belga de 23 anos custou €21M, mas seu valor era de apenas €9M. Aqui mora com certeza a maior dúvida da janela. O setor já era problemático, com Onana e Bayindir em baixa, e o United optou por trazer uma aposta em vez de um nome consolidado. O risco é evidente: depender de um arqueiro jovem, sem grande rodagem internacional, pode cobrar caro em uma liga tão competitiva.
Diego León
Lateral-esquerdo de apenas 18 anos, chegou do Cerro Porteño por €4M, valor condizente com seu mercado. É claramente uma contratação de futuro, sem impacto imediato no time principal.
É claro que outros fatores são importantes em uma negociação, como tempo restante de contrato do jogador, momento atual, escassez do mercado, etc. No entanto, não tem como negar que os Red Devils pagam normalmente um valor bem acima, o que poderia ser melhor otimizado com scouts.
Um elenco renovado, mas ainda instável
O lado positivo é que o United conseguiu se desfazer de jogadores que não se encaixavam mais no elenco, seja por desempenho ou por problemas internos. A reformulação pode dar mais oxigênio ao vestiário e permitir que o time se reconstrua em torno de novas lideranças.
Com Šeško, Mbeumo e Cunha, o ataque tem agora mais alternativas e, no papel, parece promissor. A questão é transformar esse potencial em desempenho consistente dentro de campo.
O meio-campo e a defesa seguem carecendo de alguns ajustes. E no gol, como já dito, a escolha por Lammens é arriscada demais para quem precisa de segurança imediata.
Conclusão: O que esperar da temporada 25/26?
O United tem, sim, um elenco interessante. O problema é que já ouvimos isso em outras temporadas recentes, e na prática o time não conseguiu corresponder às expectativas criadas por ser um grande clube.
Se houver troca de treinador — o que parece provável diante da pressão sobre Amorim — o novo comandante terá um elenco com peças capazes de competir pelo G4. No entanto, o torcedor segue sem a confiança de que o clube tenha um projeto sólido o bastante para voltar a disputar títulos.
Em resumo: as contratações do Manchester United foram muito boas em termos técnicos, mas nem tanto em termos financeiros. O clube segue pagando acima do mercado, repetindo erros de gestão que se arrastam há anos. Šeško pode se tornar um grande nome, Mbeumo e Cunha têm tudo para brilhar, mas enquanto não houver estabilidade fora de campo, a sensação é de que o caos continua sendo a marca registrada do time.
Mas e aí, será que os Red Devils vão decolar na Temporada 25/26/?
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