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O que aconteceu com a carreira de Dele Alli?

Gabriel Manarim

28/09/2025

Dele Alli em ação pelo Como

Poucos jogadores ingleses viveram um contraste tão grande entre auge e declínio como Dele Alli. Do garoto promissor no MK Dons ao meia que encantou o mundo no Tottenham, o inglês chegou a ser avaliado em 100 milhões de euros no auge da carreira. Hoje, aos 29 anos, está sem clube e com valor de mercado de apenas 2 milhões, segundo o Transfermarkt.

Mas como alguém que parecia destinado a ser um dos grandes ídolos da Inglaterra acabou escanteado do futebol de alto nível? Para entender, é preciso voltar ao começo de sua jornada. Vem com a gente, craque!

Ascensão meteórica: do MK Dons ao Tottenham

Dele Alli nasceu em Milton Keynes, em 1996, e começou a jogar pelo clube da cidade, o MK Dons. Com apenas 16 anos, estreou entre os profissionais e rapidamente chamou atenção pela técnica refinada e pela personalidade em campo. Jogava sem medo, com estilo criativo e facilidade para chegar à área.

Na temporada 2014/15, ainda adolescente, foi peça central do time na League One. Seu talento chamou atenção de vários clubes da Premier League, mas o Tottenham se antecipou. Em fevereiro de 2015, pagou 5 milhões de libras pelo jovem meia, considerado um investimento de risco pela pouca idade.

O risco deu resultado imediato. Logo na primeira temporada com os Spurs, 2015/16, foi titular absoluto. Terminou o campeonato com 10 gols e 9 assistências, números impressionantes para um jogador de meio-campo recém-chegado da terceira divisão.

A imprensa inglesa se rendeu ao talento. Alli conquistou o prêmio de Jogador Jovem do Ano da PFA, e sua imagem passou a ser comparada à de ídolos históricos do futebol inglês. Em 2016/17, viveu sua melhor temporada, com 22 gols e 9 assistências em 50 jogos. Ao lado de Harry Kane, Heung-Min Son e Christian Eriksen, era peça-chave do ataque explosivo montado por Mauricio Pochettino.

Ali, parecia que o Tottenham havia encontrado um craque para marcar época. Alli tinha chegada na área, finalização precisa, capacidade de quebrar linhas e até certo carisma dentro e fora de campo. Em pouco tempo, virou o “menino de ouro” da Premier League, e a temporada 2017/18 também foi de alto nível: 14 gols e 15 assistências em 50 partidas.

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Consolidado na elite e estrela da seleção inglesa

O sucesso nos Spurs levou naturalmente à convocação para a seleção inglesa. Alli disputou a Euro 2016 e esteve na Copa do Mundo de 2018, na Rússia. Marcou um gol nas quartas de final contra a Suécia e ajudou os Three Lions a chegarem até a semifinal, algo que não acontecia desde 1990.

Naquele momento, parecia apenas questão de tempo até que algum gigante europeu investisse pesado. Seu valor de mercado chegou a 100 milhões de euros no Transfermarkt, tornando-o um dos ingleses mais valiosos da história. Havia comparações com lendas como Frank Lampard e Steven Gerrard, pela capacidade de decidir jogos vindo do meio-campo.

Mas o futebol é implacável. E, no caso de Dele Alli, a curva ascendente começou a se inverter rapidamente.

O início da queda

A partir de 2018/19, sinais de desgaste começaram a aparecer. Ainda registrou 7 gols e 8 assistências em 38 jogos, mas sua intensidade caiu. Lesões musculares o afastaram em momentos decisivos, e sua forma física passou a ser questionada.

Com a demissão de Pochettino em 2019 e a chegada de José Mourinho, a situação se agravou. Em cenas que ficaram famosas no documentário da Amazon “All or Nothing”, Mourinho aparece dizendo que Alli era “preguiçoso nos treinos” e que, se não mudasse de postura, desperdiçaria a carreira.

Os minutos em campo diminuíram. O jogador que já fora indispensável virou opção secundária no banco. Em paralelo, sua vida pessoal começou a ser alvo da imprensa, que falava em festas e distrações fora de campo. A confiança desapareceu. E de estrela da Premier League e da seleção, Dele Alli virou dúvida até para entrar em jogos menores.

Buscando recomeços: Everton, Besiktas e Como

Em janeiro de 2022, o Tottenham decidiu encerrar o ciclo e negociou o meia com o Everton, mas o retorno foi quase nulo. Foram apenas 36 jogos e 2 gols em uma temporada e meia, sem jamais reencontrar o brilho.

No verão de 2022, tentou um recomeço no Besiktas, da Turquia. Inicialmente, os torcedores se animaram, mas a passagem foi decepcionante. Com 15 jogos e apenas 2 gols, acabou afastado pelo técnico, que chegou a criticar sua falta de empenho em entrevistas.

Já na temporada 2024/25, surgiu a oportunidade no Como 1907, clube italiano que tem a lenda Cesc Fàbregas como treinador. Era a chance de recomeçar em um ambiente diferente, mas o desfecho foi ainda mais frustrante: apenas 10 minutos em campo em toda a temporada. Um contraste brutal para quem já foi o rosto da Premier League.

Bastidores de uma trajetória conturbada

O declínio de Dele Alli não pode ser explicado apenas pelos números. Em entrevistas recentes, o jogador revelou ter enfrentado depressão e buscou tratamento especializado. Também falou sobre traumas da infância e sobre como a pressão no futebol de elite o afetou.

Essas revelações ajudaram a humanizar sua história. Alli sempre teve talento, mas o lado mental pesou muito. Em clubes de alto nível, onde o preparo físico e tático é fundamental, ele não conseguiu manter a disciplina.

Ex-companheiros afirmam que ele tinha potencial para ser “um craque de geração”, mas faltou continuidade. A sensação é de que a chama do talento se apagou cedo demais, antes que pudesse amadurecer plenamente.

Como está Dele Alli hoje?

Atualmente, aos 29 anos, Dele Alli está sem clube. Seu valor de mercado é de apenas 2 milhões de euros, segundo o Transfermarkt. Para efeito de comparação, no auge, esse número foi 50 vezes maior, chegando a 100 milhões de euros.

Há rumores sobre aposentadoria precoce, mas também especulações de que possa tentar um último capítulo em ligas menores, como MLS ou Arábia Saudita. O certo é que, no futebol europeu de elite, dificilmente terá espaço novamente.

Esse contraste entre promessa mundial e presente apagado se tornou um dos casos mais emblemáticos do futebol recente. Alli foi de “novo rosto da Premier League” a jogador sem clube em menos de 10 anos.

Conclusão

Por fim, a trajetória de Dele Alli é a lembrança de como o futebol, assim como qualquer profissão, pode ser cruel. Do auge no Tottenham, quando encantava multidões e fazia parte da seleção inglesa, ao declínio marcado por lesões, problemas psicológicos e escolhas duvidosas, sua história é marcada por extremos.

Hoje, ainda pode escrever um novo capítulo, mas dificilmente repetirá o brilho do passado. Alli será lembrado como um talento precoce, capaz de encantar o mundo em poucos anos, mas que não conseguiu sustentar a promessa. Um retrato claro de que, no futebol moderno, não basta apenas ter talento: é preciso disciplina, preparo físico e força mental para permanecer no topo.

Mas e aí, será que Dele Alli ainda vai brilhar no futebol europeu?

Para os melhores palpites, análises e notícias do mundo da bola, confira o Tapa de Craque!

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