O Nottingham Forest vive dias agitados. Depois de uma relação desgastada entre Nuno Espírito Santo e a diretoria, o português foi oficialmente demitido nesta segunda-feira, após duas temporadas comandando o clube. O estopim veio após divergências com o dono Evangelos Marinakis sobre planejamento e preparação para a temporada, mesmo depois da chegada de reforços de peso como Douglas Luiz e Omari Hutchinson. Nuno havia levado o clube ao 7º lugar na última Premier League, garantindo vaga europeia após 30 anos. Ainda assim, a tensão nos bastidores falou mais alto.
Na manhã de hoje (09/09), o Forest anunciou Ange Postecoglou como novo treinador. O grego/australiano, que recentemente deixou o Tottenham, assinou contrato até junho de 2027 e já chega cercado de expectativas. Mas será que ele é o treinador ideal para o Forest? Confira a análise!
Quem é Postecoglou e o que ele já conquistou
Postecoglou é um técnico com mais de 25 anos de carreira, conhecido pelo estilo ofensivo e dinâmico. Construiu sua reputação inicialmente no Brisbane Roar, na Austrália, e depois brilhou no Japão, com o Yokohama Marinos. Mas foi no Celtic, da Escócia, que chamou a atenção da Europa: ganhou a dobradinha doméstica logo na primeira temporada e faturou a tríplice coroa na segunda, sendo indicado ao prêmio de Treinador do Ano da FIFA em 2023.
Na Inglaterra, assumiu o Tottenham em 2023/24 e, apesar de uma campanha irregular na Premier League, conquistou a Liga Europa de 2025 em final contra o Manchester United, que também havia feito uma campanha pífia pela liga inglesa. Foi o primeiro título europeu da história do Spurs e o primeiro troféu relevante do clube em 17 anos.
Ainda assim, os números não escondem a dificuldade na liga inglesa: em 101 jogos pelo Tottenham, Postecoglou venceu 47, empatou 14 e perdeu 40, com média de apenas 1.53 pontos por partida. Na última Premier League, o time terminou em 17º lugar com 38 pontos, escapando do rebaixamento por pouco. O fato é que, esses números não seriam tão ruins para um Ipswich Town ou Sunderland da vida, mas para um clube de big six como o Tottenham? É vergonhoso.
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Contraste de estilos
A troca no comando não é apenas de nomes, mas de identidade. Nuno Espírito Santo é reconhecido por seu modelo reativo, com linhas baixas e transições rápidas. Foi assim que ele organizou um elenco modesto e levou o Forest a uma temporada histórica, superando expectativas.
Postecoglou, por outro lado, é adepto de um jogo ofensivo, intenso, com posse, correria e construção de trás. Gosta de atacar em bloco, pressionar alto e buscar o gol a todo custo. É um contraste absoluto em relação ao que o time estava habituado sob Nuno.
Essa mudança radical levanta dúvidas. Será que o elenco atual tem perfil para jogar dessa forma? E, mais importante, será que a troca de identidade logo após uma campanha tão sólida é realmente o melhor caminho para o clube?
Opinião: um tiro no escuro
Por fim, acredito que a escolha do Forest é, no mínimo, arriscada. Não pela falta de currículo de Postecoglou, mas sim porque a transição entre os estilos é drástica demais para garantir resultados sólidos em pouco tempo.
Com Nuno, o Forest tinha um modelo que funcionava, com resultados concretos e uma vaga na Conference League conquistada contra todos os prognósticos. Além disso, Nuno tinha o elenco na mão, com jogadores satisfeitos e em ascensão. A decisão de demitir o português por divergências pessoais e não esportivas é questionável. No futebol, consistência é rara, e trocar um trabalho sólido por incerteza costuma cobrar caro.
Quanto a Postecoglou, sua passagem pelo futebol inglês até aqui foi decepcionante no contexto da Premier League. O título europeu é relevante, mas não apaga o fato de que o Spurs foi um dos times que mais perdeu na liga, escapando da queda por detalhe.
Isso não significa que o australiano não possa dar certo no Forest. Ele é um técnico ousado, tem bagagem e experiência internacional, além de ter a confiança de Marinakis. Mas é uma aposta no escuro. Se funcionar, o clube deve, no máximo, manter a performance da temporada anterior. Se não funcionar, o risco de queda de rendimento, e até de flertar com a zona de rebaixamento, é real.
Conclusão
A chegada de Postecoglou ao Nottingham Forest marca o início de uma nova era. O clube troca a segurança de Nuno Espírito Santo por uma ideia mais ousada e ofensiva, em um movimento que diz muito mais sobre os bastidores do que sobre o futebol jogado. A verdade é que o dono do clube optou por priorizar sua relação pessoal com o treinador e não necessariamente a parte esportiva, que vinha muito bem.
Faz sentido? Do ponto de vista da consistência esportiva, não. Nuno entregava resultados sólidos e tinha o elenco na mão. Mas o futebol é feito de escolhas, e o Forest decidiu arriscar em busca de algo novo. Agora, cabe a Postecoglou provar que pode transformar essa aposta em sucesso.
Mas e aí? Será que o Forest fez a escolha correta?
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